segunda-feira, 17 de janeiro de 2011


“Chuva
Chove desde que o mundo é mundo. Chove desde que a gente já se conhecia por gente, mas ainda achava que a chuva era xixi dos Deus, ou coisa parecida. Á negligencia das autoridades atuais responsáveis por tragédias causadas pela chuva, deve-se acrescentar este estranhamento atávico: depois de milhões e milhões de anos, a chuva ainda nos pega de surpresa.
Claro, as tragédias vêm como excesso de chuva, com o anormal, com o improvável. Mas, assim como se proíbem construções na encosta de vulcões mesmo dormentes prevendo a erupção, devíamos estar sempre preparados para a pior consequência imaginável das chuvas.
Mas, se mesmo a chuva normal nos causa espanto – “Meu Deus, o que é isso? Água caindo do céu!” -, o que dirá a hipótese de chuva destruidora? Ainda não sabemos o que fazer com ela. Talvez em mais alguns milhões de anos a gente se acostume.”
L. F. Verissimo
Zero Hora, segunda-feira, 17 de janeiro de 2011.